terça-feira, 4 de setembro de 2007

Acho que sempre gostei de olhos grandes.


Acho que sempre gostei de olhos grandes. Os olhos como duas gotas enormes, sorridentes, brilhantes. Quando os teus emergiram, solenes, sobre a pele argêntea, foi como uma prosa que se traça devagar. Depois de um sorriso tão grande como os olhos e de uma risada tão rara como tu, nunca mais existiu silêncio. Deve ter sido por isso. Deve ter sido, não vejo que mais. Tinhas estampada no rosto mais do que simples alacridade. Era como se tudo à tua volta existisse com mais resplandecência desde que estivesses presente, ali, a observar tudo como a imensidão dos olhos claros, a sorrirem com a tua boca e a completarem tudo o mais. Os cabelos muito dourados; rebeldes, simples e desalinhados, quase tão simples como uma melodia sóbria, equilibrada. Era só ficar ali à espera que fizesses algo mais do que sorrir muito. Apesar de nada mais ter acontecido foi deslumbrante ver-te sentar após a dança, pegar no copo vidrado, cheio com o vinho da casa, a sorrir ainda mais, a mover as mãos enquanto falavas. Eu fiquei distante, a murmurar e a sorrir quando tu sorrias e a dizer-te baixinho todas estas coisas. Acho que sempre gostei de olhos grandes. Os olhos como duas gotas enormes, longínquos, para sempre.

3 comentários:

f disse...

bem, ao menos não é coxo :P nem actor de séries duvidosas lá pelos estates. (sim com o "e" que sempre sabe mais a tuga!) ai, cria, nem sei que te diga... olha, que devias ter vindo, ao menos sempre te alagávamos o paladar de vinho.***

V.C. disse...

:(

Vem passando por aqui!

J. Vilas Maia disse...

A emergência dos olhos grandes como ponto de partida para uma coisa mais distante, implica uma proximidade que o silêncio obriga e incomoda, urdindo por vezes desvios, outras vezes beijos.