“Aus der Stille - aus dem Nichts
Eingetaucht in Dich
Erhalte mich in dieser Nacht ...”
Lacrimosa – Eine nacht in Ewigkeit
Porque me acordas todas as noites? Não que eu não queira ouvir-te abrir a porta e deitares-te ao meu lado, devagar. A cama estremece, suavemente; o teu cheiro antigo nos meus cabelos. Sabes-me bem e assustas-me – não chores. Eu deixo-te ficar aqui, deixo-te espalhar o teu cheiro antigo pelo quarto, até ser de manhã. Começo a amar-te. A sentir a tua falta sempre que abalo e não te trago comigo. Quero saber o teu nome, não que te chame; tu sabes sempre onde estou, mas para o suspirar no autocarro, enquanto não faço girar a chave na fechadura e entro em casa, o soalho sob os pés, o murmúrio no corredor despido.
Acho que ontem me abraçaste, espectro, meu amor. Aquilo que senti serem os teus lábios era o frio suspenso em redor – uma dormência inquieta [como tu]. Será possível termos consumado algo mais do que lamentos? A escuridão. Encontrar a paz na canícula que é o espaço que habitamos por momentos, enquanto nos tocamos de corpo e alma, de corpo para alma, até adormecer nos contornos refulgentes de um corpo que mal existe.
Volto mais cedo, amanhã. Quero aspirar mais de ti.
2 comentários:
A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo
cintila,
a boca espera
(que pode uma boca
esperar
senão outra boca?)
espera o ardor
do vento
para ser ave,
e cantar.
-/-
Levar-te à boca,
beber a água
mais funda do teu ser -
se a luz é tanta,
como se pode morrer?
Eugénio de Andrade
O amor só pode ser vida, não é?
bjos
Todos os teus textos têm uma essência própria, uma vida própria e entram-mos de rajada, oferendo sorrisos de "corpo e alma, do corpo para a alma". Nunca deixes de escrever, beijinhos.
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